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em cartaz

A Pane

de Friedrich Dürrenmatt

sinopse

“A Pane” é uma comédia ácida sobre a justiça. Hóspede inesperado se transforma em réu de um jogo cruel e divertido em que juiz, promotor, advogado e carrasco aposentados revivem suas profissões. Uma fábula que fala dos nossos dias. No elenco, um encontro de gerações.

Sobre o autor
Dürrenmatt (Konolfingen, 5 de janeiro de 1921 — Neuchâtel, 14 de dezembro de 1990) foi um escritor suíço. Embora possua grande fama por sua obra como dramaturgo foi também um prolífico contista e romancista.


Politicamente ativo, o autor escreveu dramas vanguardistas, profundos romances policiais, e algumas sátiras macabras. Um de seus principais bordões era: "Uma história não está terminada até que algo tenha dado extremamente errado".


Como Brecht, Dürrenmatt explorou as vertentes do teatro épico. Suas peças visavam envolver o público a um debate teórico, e não somente ser entretenimento puramente passivo.


Quando tinha 26 anos, sua primeira peça, "Está Escrito", (em alemão "Es steht geschrieben"), estreou causando grande controvérsia. A história da peça se passa em torno de uma batalha entre um cínico obcecado pelo sucesso e um religioso fanático que leva as escrituras ao pé da letra, tudo isto acontecendo enquanto a cidade em que vivem está cercada. A noite de estréia da peça, em abril de 1947, causou confusão e protestos por parte do público.


Na década de 50, com o conto "A Pane", chegou ao que muitos consideram o auge de sua capacidade estilística e narrativa.


Morreu em 1990, considerado como um dos grandes narradores e dramaturgos de sua geração.

Fazer a programação de um teatro é ofício que continua, mesmo depois de décadas, me encantando e, ao mesmo tempo, me assombrando... Sempre digo que alguns projetos “se escolhem”, nos seus tempos, circunstâncias e relevâncias.

 

Como alguns desígnios não nos pertencem, parece que A Pane “se escolheu” para estrear em 2022, exatamente durante a turbulência pandêmica, com seus fluxos e repuxos, num período cheio de dúvidas também sobre ensaios, montagem, estreia, presença de público. A incerteza de estrear é parte ou não do jogo que a peça propõe? A Pane é um ardil e os espectadores somos parte deste?

Sempre me interessei por textos que falam de homens e suas relações, dado que, afinal, sobre o feminino temos uma vastidão de relatos, convocando amigas, inimigas, irmãs, mães e filhas, avós e netas; porém, escritos colocando todo o seu foco no masculino, temos poucos.  Peças que tenham somente homens em cena não são tão raras, mas, o modo como na dramaturgia se fala, lida e retrata o masculino e a estratégia de poder que dá suporte às suas relações, encontramos menos. A Pane que, num jogo de velhos amigos, reúne gerações de grandes atores, é um texto pousado nas diretrizes do simulacro do julgamento de um inexistente (talvez?) assassinato, com picardias, lábias e artimanhas entremeadas entre o que texto propõe e a interpretação dos personagens pelo elenco.

A artimanha já está no tabuleiro, as regras são quase todas claras, e, desde logo, os aguçados lances estão dados; então, venha!

Entre conosco neste astuto jogo...

Claudia Hamra Diretora de Programação Teatro FAAP

O ano era 2020. Tudo estava preparado: elenco, cenário, figurinos, teatro. A nossa "Pane" faria sua estreia em 27 de março, mas faltando duas semanas, o mundo parou e com ele o espetáculo. Passados quase dois anos de angústias, esperança e resistência, aqui estamos novamente no palco.

Trabalhar com cultura no Brasil é tarefa árdua. As artes e até a ciência são constantemente confrontadas por achismos, sensos comuns e negacionismos.

Principalmente em momentos como este, cabe ao produtor cultural escolher obras significativas que o movam e façam o público refletir, sem deixar de divertir e entreter. Em “A Pane” encontramos essa rara combinação: um texto forte, significativo para nossos tempos, e ao mesmo tempo muito saboroso. Divirtam-se.

Baccan e Kavaná Produções

- Não se deve amar a pátria mais que qualquer outra coisa?

- Deve-se amá-la menos que a um ser humano.

 

Romulus Magnus, último imperador romano

Como nos tempos atuais de pandemia, em que a ciência se defronta com desafios urgentes, no século passado a Bomba em Hiroshima colocou a Humanidade numa encruzilhada. Perplexo, o então jovem dramaturgo suíço Friedrich Dürrenmatt (1921-1990) indagou: “Poderá o mundo de hoje ser reproduzido pelo teatro?” Sim, respondeu Brecht, “mas somente se for concebido como um mundo suscetível de transformação”.

 

Em 1949, Brecht lançou sua tese terminal sobre o teatro da era científica e Dürrenmatt escreveu "Romulus Magnus", uma de suas primeiras peças, antes de se tornar nome mundial a partir de "A visita da velha senhora", escrita em 1956, mesmo ano do conto "A Pane". Em toda sua produção literária, sobretudo no teatro, Dürrenmatt revela uma radical vocação humanista, acima de posições oportunistas, ao denunciar e expor ao ridículo as instituições e regulações sociais que subjugam as pessoas, sem abrir mão do humor, às vezes escrachado, quase caricatural.

 

Com isso, a dureza e o rigor do olhar se revestem de humanidade, ao compartilhar com a plateia a crítica sem ser juiz de seus personagens. "A Pane" é exemplo da reflexão que pode nascer do riso. Quem sabe o riso ainda possa, como já se pensou um dia, corrigir os costumes neste mundo em constante transformação. E fazer deste momento de perplexidade um aprendizado enriquecedor sobre a condição humana.

Oswaldo Mendes

UMA HISTÓRIA AINDA POSSÍVEL

Existem ainda histórias possíveis, histórias para escritores? Com essa indagação somos interpelados e recebidos em A Pane. O autor assim inaugura o diálogo conosco, nos convida a participar de um jogo de palavras vertiginoso, labiríntico, e nos envolve em um debate teórico cheio de humor que faz nosso consciente e inconsciente trabalharem.

 

Dürrenmatt dizia que existem coisas sobre as quais só conseguia pintar ou desenhar, enquanto outras ele só podia escrever sobre elas, mas que sua fonte de inspiração foi sempre a mesma: a contemplação do mundo.

 

Mas ele mesmo transformou seu conto em dramaturgia e é aí pra mim que o encontramos desafiando seus limites entre a escrita e a pintura, a palavra e a representação da palavra. Sobre isso ele comenta: “Transpor é muitas vezes mais difícil do que descobrir. No conto era só linguagem, a transposição para o teatro é linguagem mais atores mais palco, o incomensurável aumenta.”

 

O teatro de Dürrenmatt é um jogo de espelhos cheio de imagens escritas e onde nos vemos refletidos, distorcidos, ampliados. E nesses reflexos podemos nos observar, talvez nos reconhecer, e somos instigados a contemplar o nosso mundo, nosso momento presente. A Pane é uma fabula sobre a justiça, ou como o próprio autor nomeou, é uma história ainda possível. Será? Veremos.

 

Malú Bazán 

Ficha Técnica

Texto: Friedrich Dürrenmatt

Tradução: Diego Viana

Direção: Malú Bazán

 

Elenco:

Antonio Petrin – Promotor Zorn

Cesar Baccan - Traps

Heitor Goldflus – Carrasco Pilet

Marcelo Ullmann - Justus

Oswaldo Mendes –Juiz Wucht

Roberto Ascar – Advogado Kummer

 

Concepção cenográfica: Anne Cerutti e Malú Bazán

Figurino: Anne Cerutti

Assistente de figurino e cenário: Adriana Barreto

Cenotécnico: Douglas Caldas

Desenho de luz: Wagner Pinto

Música Original: Dan Maia

Operador de luz: Jonas Ribeiro

Operador de som: Pietro Machicao

Contrarregra: Márcio Polli

Fotos: Ronaldo Gutierrez / Rogério Alves

Visagismo: Dhiego Durso

Programador Visual: Rafael Oliveira

Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

Assistente de Produção: Lúcia Rosa e Rebeca Oliveira

 

Co-Produção: Kavaná Produções

Realização e Produção: Baccan Produções

Agradecimentos

Aliança Francesa, Ana Claudia Lourenção, Angélica Hoffmann Mendes, Antônio Mário, Arancha Marín, Bernardo Mendes Baccan, Biblioteca Jenny Klabin Segall, Bozena Huser, Bruno Perillo e equipe de “O Beijo no Asfalto” , Carlinhos Machado, Claudia Hamra, Claudia Tombolatto, Conservatório Musical Souza Lima, Edu Schlindwein, Espaço O Andar, Espaço Open Arts, Fabiana Barreto Nunes, Fernando Ullmann, Flávio Araújo Santos, Héctor Federico Bazán, Helcio Magalhaes, Instituto Goethe, Ipsis, João Cavasinni, Léo Saldanha, Lívia Carmona, Luiz Argenta Vinhos e Espumantes, Márcio Chaer (ConJur), Maria Julia Aguirre, Miriam Ullmann, Mònica Mesa, Museu Lasar Segall, Natalie Kaminski, Nelson Ferreira, Norival Rizzo, Olívia Albergaria R. Goldflus, Paulo Simões de Almeida Pina, Riba Carlovich, Rosália Petrin, Selene Marinho, Sergio Luiz de Oliveira, Sergio Mastropasqua, Sesc, Teatro Clube Paineiras, Teatro FAAP e Equipe

 

Direitos de encenação licenciados por Diogenes Verlag Ag Zürich.

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