Autor e Diretor – Willians Mezzacapa

Foi na fila do bebedouro, que a Isabella, de 8 anos, perguntou o que sua colega de classe, da mesma idade, iria fazer nas férias. Ao ouvir os planos da família de Alexia, que planejava viajar durante o ano novo, Isabella a interrompeu perguntando o que a amiga faria com o cachorrinho do qual ela acabara de ganhar. Alexia com aquela naturalidade de criança que reproduz as práticas soluções encontradas pelos pais, de imediato disse que iriam deixá-lo em um” hotelzinho”. Isabella não escondeu seu espanto e espontaneamente respondeu: “Sozinho? Mas você não tem dó? Sabia que eles morrem de medo dos fogos?” Pronto! Aquela garotinha de 8 anos conseguiu colocar uma interrogação inédita em duas pessoas. Na aluna e no professor que as assistia. Passei o dia revendo o meu comportamento, a minha relação e a de todos ao meu redor com seus animais de estimação. Percebi nas falas da Isabella o quanto somos capazes de conduzir todas as nossas relações de afeto sempre em pró do nosso próprio interesse. Numa rotina rodeada por crianças, são nas mais cotidianas situações que moram nossos maiores aprendizados. Hoje, a jovem Isabella não sabe, mas um dia ali no colégio, ela plantou uma semente. Naquela mesma semana escrevi esse texto. Ele ficou comigo todo esse tempo. Dez anos se passaram e juntos encontramos novos amigos. O Cesar Baccan e o Marcelo Ulmann que, com maestria, desde o início conduziram tão bem a produção desse projeto. A Paula di Paoli que, elegantemente, nos brindou com seus cenários e figurinos, a agilidade da nossa assistente multicriativa, Rebeca, a linda arte gráfica do meu parceiro e amigo de longa data, Rafael Oliveira e a trilha original desse artista que tanto admiro, Carlos Careqa. Por fim, fui abraçado pela parceria na direção do Pedro Garrafa, uma das pessoas que mais admiro no universo teatral infanto juvenil. O projeto ainda marca a primeira vez que divido o palco com a Maria Paula Lima, minha parceira de vida, que ao lado de Fafá Rennó, Marcelo Diaz, Letycia Nascimento, Cesar Baccan e Marcelo Ullmann completam esse elenco primoroso. Um agradecimento especial para ela que diariamente me ensina sobre o amor, nossa vira lata caramelo, Capitú. Sim, a semente da pequena Isabella, finalmente está germinando. Meu muito obrigado a todos os envolvidos e principalmente a você, que topou embarcar nessa história com a gente. Um bom espetáculo a todos!"

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Diretor – Pedro Garrafa

Não há problema em repetir aquele velho roteiro clássico: Uma personagem sonhadora e inconformada com o mundo que vive persegue uma ideia fixa que, de tão maluca, acaba cativando um grupo de outras personagens. Cada uma dessas personagens (ligadas à ideia por um motivo completamente diferente) topam embarcar na aventura. Rumo ao desconhecido, cada personagem vai oferecendo seus talentos e suas angústias ao grupo, para que passem por todos os desafios e perigos. No caminho, contratempos são apresentados e, por vezes, até alguns companheiros se vão.  Mas a ideia que os une é maior. Latente. Apaixonante… Ao final da aventura, nossos heróis conseguem cumprir seus objetivos. Mas a ideia, agora concretizada, é muito diferente daquela sonhada no começo. Ela é diferente porque não é mais um sonho. Ela virou o fruto da aventura. Ganhou sentido com o caminho. Ganhou vida!  

Nosso MUNDO CÃO é uma ideia fixa de um querido amigo, o Will. Há anos já tínhamos reunido o grupo de personagens malucas que toparam embarcar conosco nessa aventura. E o que parecia somente “montar um espetáculo” acabou virando uma grande jornada, envolvendo a pandemia, eventos tristes demais como a perda avassaladora de uma das atrizes do elenco e minha companheira na época, a Kuka, (a quem esse espetáculo sempre será dedicado) idas e vindas de projetos em editais, ensaios criativos, outros exaustivos, a iminência do contágio da COVID e… Por fim, a estreia.

Só então que sou capaz de olhar pra tudo e dizer: nada supera a emoção de um roteiro clássico com final feliz!

Nosso MUNDO CÃO é uma “aventura sobre uma aventura”. Uma “ação entre amigos caninos (e felina)” fruto de uma “ação entre amigos artistas”. Que privilégio eu tenho de ter, em minha matilha, esses artistas maravilhosamente talentosos!

Agora que a nossa aventura chega ao seu final. Que a de Espeto, Bartholomeu, Jordan, Shakyra, Clarice, Belô e Minotauro comece.

Viva a aventura!

Viva o Teatro!

Viva a bicharada e abaixo aos fogos!

Bom espetáculo a todos!!!

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